A HISTÓRIA DA CAPELA COMEÇA LONGE, LÁ NO INÍCIO, DURANTE O COMEÇO DA FACULDADE DE ARQUITETURA, UNS 25 ANOS ATRÁS, UM DOS PROFESSORES OBRIGOU TODOS OS ALUNOS A COMPRAREM UM LIVRO PARA A INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE PROJETO ARQUITETÔNICO, “ARQUITETURA, FORMA, ESPAÇO E ORDEM” DO CHING, TODO ARQUITETO DEVE CONHECER, É MUITO INTERRESANTE, BEM VISUAL, CHEIO DE DESENHOS MARAVILHOSOS A MÃO FEITOS PELO AUTOR, PORÉM NELE ENCONTREI UM TEXTO, UMA CITAÇÃO DE UM TRECHO DO LIVRO DE LE CORBUSIER, “POR UMA ARQUITETURA” ESCRITO A QUASE 100 ANOS, E AQUILO REALMENTE MEXEU COMIGO, ELE MUDOU O MEU OLHAR E A PARTIR DAQUELE MOMENTO, TUDO O QUE VIA OU DESENHAVA BUSCAVA “AS PAREDES QUE SE ERGUIAM EM DIREÇÃO AO CÉU DE TAL MANEIRA QUE ME EMOCIONASSE”.

PASSEI MUITOS ANOS PENSANDO NISSO, SEMPRE NA ESPERANÇA DE PROJETAR ALGO COM ESSE PODER, ATÉ QUE UM DIA, UM CASAL DE CLIENTES, DAQUELES CLIENTES QUE TODO ARQUITETO SONHA EM TER, ME PEDIRAM PARA RETOMAR O SONHO DE FAZER UMA CAPELINHA, A QUAL HAVÍAMOS DISCUTIDO DURANTE O PROJETO DA CASA DE CAMPO DELES QUE ESTAVA ENTÃO EM OBRAS, MAS QUE ABANDONAMOS NA ÉPOCA PELO TERRENO NÃO COMPORTAR AS DUAS CONSTRUÇÕES JUNTAS, ELES HAVIAM SE DECIDIDO POR FAZER NO LOTE AO LADO. ENTÃO PRA MIM TINHA CHEGADO A HORA, SABIA QUE ESTE PROJETO DEVERIA SER TODO BASEADO NO TEXTO.

DEI O PROJETO DE PRESENTE PARA ELES, NÃO COBREI NADA E INICIAMOS O PROCESSO DE CONCEPÇÃO LEVANTAMOS TODAS AS INFORMAÇÕES TÉCNICAS, TOPOGRAFIA, INSOLAÇÃO, RELAÇÃO COM VIZINHOS, NO CASO A CASA DELES MESMOS E UM BRIEFING MUITO SIMPLES, UM PEQUENO LOCAL PARA ORAÇÃO.
COMO REFERÊNCIA, BUSQUEI OS DOIS PROFISSIONAIS QUE MAIS SE APROXIMAVAM DA MINHA PREMISSA, O MESTRE DO CONCRETO TADAO ANDO E O ESCULTOR NORTE AMERICANO RICHARD SERRA, COM SUAS CURVAS ÚNICAS QUE DEFINEM ARQUITETURA EM SEUS VAZIOS.
PEGUEI TUDO ISSO, ESTUDEI E GUARDEI NUMA PRATELEIRA DISTANTE, DENTRO DA MINHA CABEÇA, REFUTEI QUALQUER SOLUÇÃO MECÂNICA OU AUTOMÁTICA, DESLIGUEI O RACIONAL, LIGUEI O FEELING E COMEÇAMOS OS PRIMEIROS CROQUIS.

VISUALIZAVA A CAPELA COM 10,12 METROS QUADRADOS, INSERIDA NUM LOTE DE 2.500 PRA VENCER O DESAFIO DE OCUPAR TODO ESSE ESPAÇO COM DELICADEZA INICIAMOS O DESENHO PELO PERCURSO DO USÚARIO A PARTIR DA RUA, DUAS LINHAS CURVAS, QUE COMO FITAS DE CONCRETO APARENTE, SERPENTEIAM O TERRENO, MUDANDO DE ALTURA, INCLINAÇÃO, ESPESSURA E RAIO MARCAM O PERCURSO, QUE COMO NA ESPIRITUALIDADE, PARA MIM, O PERCORRER E BUSCAR, É MAIS IMPORTANTE QUE O DESTINO. ASSIM ELAS NASCERIAM DO SOLO SAGRADO, PERCORRERIAM TODO O ESPAÇO ABERTO, SE CURVARIAM FORMANDO UM ESPAÇO FECHADO ONDE AS PESSOAS PUDESSEM PERMANECER ABRIGADAS EM SILENCIO, ENTÃO ELAS SE ERGUERIAM EM DIREÇÃO AO CÉU DE TAL MANEIRA QUE FICO EMOCIONADO, NADA MAIS.

TODOS OS COMPLEMENTOS DEVERIAM SER MUITO SIMPLES, PAISAGISMO, CAIXILHOS, LUZ E MATERIAIS.

APRESENTEI PARA OS CLIENTES A IDEIA, APÓS LER O TEXTO PRA ELES ME EMOCIONEI COMO EM TODAS AS VEZES QUE LEIO PARA ALGUÉM, ELES ADORAM, DERAM A LIBERDADE NECESSÁRIA PARA A EXECUÇÃO E A IDEIA GANHOU VIDA PRÓPRIA, A PARTIR DAQUELE MOMENTO NÃO ERA MAIS SÓ UM DESENHO, ERA UMA QUESTÃO DE TEMPO PARA SE CONCRETIZAR, ENTÃO SE INICIA A SAGA PARA TRANSFORMAR POESIA E DESENHO EM OBJETO, MATÉRIA E ESPAÇO QUE SÓ TERIA SEU CICLO FECHADO COM A OCUPAÇÃO PELAS PESSOAS.